sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

só de olhar

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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

pirilampo
















lembranças como pirilampos
vagueiam pela noite escura
à mover suas asas delgadas
nesses espelhos da memória
olho a pequena ninfa voando
em cada incendiar dessa luz
soluçando êxtase na memória
num ruidoso vôo imaginário




tuluca

Nova Friburgo, 23 de dezembro de 2016
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sábado, 10 de dezembro de 2016

viver sem mim



já não estou mais aqui
fui de mim nesta manhã
breve nada fará falta
a vida passará à-toa
até o dia que eu volte



tuluca

São Paulo, 8 de dezembro de 2016

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

finalidade



o além não tem
fica bem aqui
e não vai pra lá
choveu molhou
da mesma água
e o calor desfez



tuluca

São Paulo, 5 de dezembro de 2016

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Querido Sérgio












Todos morrem em agosto, assim é com os Paiva Azevedo, só que às vezes o tempo se esquece das datas e faz as coisas antes da hora. Aliás o tempo é muito atrapalhado e impermanente, implacável sempre, sempre...
O Sérgio gostava de mim, um tanto muito grande e eu dele. Pensar nele agora faz doer a garganta.
Ele pintava quadradinhos pra pensar, calma e continuamente colorindo o sem cor. De muitas sabedorias, apreciou o viver como poucos. Disse-me coisas lindas, porque pensava lindamente. Um formidável humano.
Agora tudo está desfeito e os pensamentos dele vagam pelo imponderável. Alguns desses pensamentos moram em mim, até onde eu puder leva-los.
Como dói.
Pra você Sérgio que gostava do que eu escrevia:




Irmão



pensar, caminhar, apenas ser
tanta vida que a vida guarda
e nossa esfera azul iluminada
a girar, girar com tanta água
você e eu, só pensamentos
à se desfazer na imensidão
sem mais nenhuma hipótese
Sérgio, este é o final, o vazio



tuluca

São Paulo, 2 de novembro de 2016
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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Pedreiro
















de baixo para cima seguem os tijolos
enfileirados da direita para a esquerda
e sem saber bem do todo que compõe
o pedreiro vai subindo a parede lógica
uma fila desencontrada de outra, claro
é como se faz, assim ela ganha firmeza
às vezes para, olha a moça que passa
bundão lindo, diz ele como fosse elogio
numa profusão de honestos sonhos
que sua desesperança o faz jogar fora
também queria ser o pedreiro ilógico
dizer das coisas que o coração sonha
e construir coisas que não compreendo




tuluca

São Paulo, 10 de novembro de 2016
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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

urge












não queria ser urgente
mas a hora é esta aqui
vou acontecer em mim
desmoronar-me em você
esparramar tudo que fui
espalhar muitos medos
desobedecer os sinais
alucinar nas alvoradas




tuluca

São Paulo, 28 de setembro de 2016
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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

despedida













o sorriso de ir embora
foi-se como quem fica
e permanece perene
cessa o passar do tempo
flutua além do imaginário
como um filme invertido
volta sempre pro início




tuluca

São Paulo, 14 de setembro de 2016
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terça-feira, 6 de setembro de 2016

menino a caminhar













 na vida tantos ventos.
as arvores tão altas.
eu e o menino caminhando
ele e eu a conversar.
tanto caminho de marcha
tanto pé de pau e bicho
tudo pra ver e por a mão.
a vida a viver.
muito descaminho e pedra
o vento a ventar.
de tudo se ria o menino
sua voz comigo ia
ele sempre a explicar.
o vento, muito ventando
em muitos caminhos, tantos.
vento levou o menino
que n’algum caminho está,
menino que me tem
sorrindo a me esperar.




tuluca

São Paulo, 5 de setembro de 2003
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sábado, 27 de agosto de 2016

visão












estive olhando o que não estava à vista
depois de algum tempo pude enxergar
não era um, eram muitos excertos ali
ainda indefinidos mas aparentes na luz
como fosse o eu das muitas maravilhas
um jeito alucinado de parecer ausente
sem palavras e liberto no que pensava
o tempo deformado se alongava além
mudando toda a descrição do mundo
adiante do que é sabido e imaginado
algo de sonho com alguém que será



tuluca

São Paulo, 27 de agosto de 2016
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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

viver sem tempo
















o tempo é bobo de dar dó
segue sempre como criança
perseguindo coisa nenhuma
e não há modo de distraí-lo
persegue o nada, não para
com ele nunca estou liberto
é preciso morrer pro tempo
para ser mais este dia azul




tuluca

São Paulo, 24 de agosto de 2016
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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Carta do futuro desamor












Amada

Você me perguntou como seria amanhã.
Bem, amanhã será um novo dia em que o sol nascerá brilhante e ardente, depois d’uma noite que poderá ser da nossa escuridão. Sempre há dias e noites em todos... mas não se entristeça com o amanhã.

Se um dia você for embora não pense em mim
Que eu não te quero meu
Eu te quero seu

(Meu Menino - Milton Nascimento)


E é assim em mim pra você, não te quero minha, nem sinto que a possuo, você é de você mesma e assim brilhante. Vá quando seu coração pedir, você não me magoará partindo. Sei dos seus caminhos, eles são muito mais velozes que os meus, sei de suas buscas e necessidades de existir. Saiba que você sempre existirá em mim com sua beleza do novo, de dia claro. Vá sem se despedir e eu nem saberei que você partiu, quando eu descobrir sua ausência você já será outra. Só queria que você soubesse que caminhos se juntam e depois se separam, tão simplesmente como nuvens que passam pelo céu azul. Só não esqueça que eu te quis bem e tanto que em mim o amor não anoitece.

sempre seu
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tuluca

São Paulo 21 de agosto de 2016
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domingo, 7 de agosto de 2016

melosidades
















era assim que a vida seguia
só melosidades a sujar papel
muito desengano desbotado
e este fascínio pelo encanto
amarrou as dores ancestrais
num canto qualquer da casa
entornou a realidade no ralo
pintou o céu de outros azuis
e perdeu-se noutras estrelas




tuluca

São Paulo, 5 de agosto de 2016
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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

flutuando no azul












flutuando na noite de extremo azul
seu corpo preenchia espaços, voava
disperso pelos finos grãos da garoa
onde tudo era vago e o tempo finito
a cidade vaporizou seu corpo macio
você se foi, desapareceu na multidão
escorregando nas escadas do metro




tuluca

São Paulo, 3 de agosto de 2016
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domingo, 31 de julho de 2016

sentimento virado












o dia que você deu seu corpo
era apenas uma velha imagem
um passo maior que o sexo
um eco seco da nova manhã
com céus virados a se agitar
Iansã rompendo os espaços
neste róseo da imaginação
tempestade molhando o ar
vendaval, sentimento virado
Oya de meus dias luzidios
como será se não me iludir?





tuluca

São Paulo, 30 de julho de 2016
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[recado obscuro]
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sábado, 30 de julho de 2016

caneta cansada












hoje a caneta já está cansada
tanto papel que não se preenche
e estas coisas coçando em mim
palavras secretas querendo nascer
meu corpo se movendo ritmado
buscando espaço no contraditório
entendendo o concreto da ilusão
presentes nestas sumidas linhas
que buscam espaço na amplidão





tuluca

São Paulo, 30 de julho de 2016
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segunda-feira, 25 de julho de 2016

espanto












entre o espanto e a loucura
retiro da vida os sentimentos
entre um e outro me esqueço
horrorizado com os desatinos

entre o espanto e a ternura
suspiro pela vida aliviado
entre um e outro me quedo
olhando crianças à brincar

entre o espanto e o trabalho
passa a vida e mais um dia
entre um e outro me anulo
esperando uma vida depois




tuluca

São Paulo, 25 de julho de 2016
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sexta-feira, 15 de julho de 2016

palavras inatas












estava aqui nesta prisão
desfeito em nada querer
procurando pelas paredes
um olhar que fosse amigo
uma palavra que fosse sim
quando os olhos fecharam
e todas as palavras ditas
retornaram pra garganta
inatas, despidas de desejo
nessa loucura autofágica
descobri a porta em mim
fui-me pra distante do eu
mergulhando na amplidão




tuluca

São Paulo, 10- de julho de 2016
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quarta-feira, 6 de julho de 2016

você não veio












quando você não veio senti ciúme
deixei seu café esfriando na xícara
dei muitas voltas em mim mesmo
depois parti o bolo, servi no prato
disso não sei o que ficou, ou ficará




tuluca

São Paulo, 5 de julho de 2016
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terça-feira, 5 de julho de 2016

cajuína












sabor do que ainda seremos
num janeiro ardendo ao sol
a caminhar na areia branca
e os frutos a pender do céu

seu suor mais um passo
assim aprendendo a ser
e o que é distante se turva
pra além do horizonte azul




tuluca

São Paulo, 3 de julho de 2016
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quinta-feira, 30 de junho de 2016

nova manhã












veio o sol esquentando a pele
chegou suave como as boas coisas vêm
foi de sorriso esta aurora de ninguém
amanheci como bem corre o riacho
vindo do frio desta noite espessa
alheado das estrelas do meu céu
cansado de a mim mesmo procurar
nestes labirintos da noite escura
adiante avisto o sol ardente e bruto
queimando tudo que mais quis
todos os sonhos nesta realidade




tuluca

São Paulo, 30 de junho de 2016
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[Como quem faz xixi diz a Marta.  Pra Sheila entender.]
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segunda-feira, 27 de junho de 2016

semente de viver












bem pra cá do fim do mundo
desfiando, estava ela mais eu
co’a poeirinha no sobrolho
era dia igual, bonito de ver
alucinação duma semente
se fazendo flor na estrada
era um pouco sorriso sério
um tanto de olhar distante
grão e água fria na moringa
muita tarde surda pra viver
nas mãos milho, ou manioca
cheiro de pasto, pé no chão
dela mais eu, sendo a sonhar




tuluca

São Paulo, 21 de maio de 2016
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domingo, 26 de junho de 2016

Não morri novamente




















hoje?
bem, hoje ainda não morri
como morro todos os dias
não dormi, nem cantei
apenas estive eu e vivo
olhando tudo que brilha
enfrentando o tempo
querendo-me liberto



tuluca

São Paulo, 25 de junho de 2016


[da canastra em 15-5-2002 (vivi este dia na viva luz)]
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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Coração fora da boca












Tenho o coração fora da boca
e é bom ter dentes para mastigá-lo
Sou o gato que não ri.
Tenho fome de amor. Uma febre
Alimento-me do que é, ou foi
depois palito os dentes.
A fome é dos olhos, e amar é bom
Bom assim ...
a fome é que mata,
ou cega.



tuluca

São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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domingo, 19 de junho de 2016

espúrio












muitas rosas do seu jardim
no ontem brando perdidas
hoje não tem mais palhaço
nem brinquedo de felicidade
é muito vermelho neste breu
muito abacate caído nas ruas
um estúpido vazio tristonho
e o mundo todo tão doente



tuluca

São Paulo, 18 de junho de 2016
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sexta-feira, 17 de junho de 2016

o que você me deu












foi assim num repente que vi
sua figura presa a um poema
d’um sol se fundindo ao mar
chama que arde sem vento
esguio o momento esticou-se
pra muito além do que fomos
ao princípio destas manhãs
sonhando a alegria de viver
salvei essa você em word
pra sempre voltar o tempo
e aos vôos da mente liberta



tuluca

São Paulo, 15 de junho de 2016
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domingo, 8 de maio de 2016

coisa linda












que coisa mais linda
de lindos momentos
neste fim de amanhã
era eu e a vontade
caminhando no nada
para lá nunca mais



tuluca

São Paulo, 7 de maio de 2016
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quinta-feira, 28 de abril de 2016

sorte esconjurada












em algum lugar entre eu e ninguém
estava um campo largo e sereno
onde o silêncio era o começo e fim
lugar de coisa nenhuma acontecer
com muitos cheiros de mato e terra
de esperas sem fim e vão tormento
espremi de mim algum pensamento
nesta sorte esconjurada e malfazeja
voltei pra mim, arremessei-me além
fui bem pra lá daqui e nada achei
agora que já sei, pertenço a mim




tuluca

São Paulo, 27 de abril de 2016
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quarta-feira, 13 de abril de 2016

alucinação












aqui, delírio e alucinação
queria escrever a história
contar como se fosse hoje
das muitas palavras sujas
que nos dissemos abraçados
sobre tudo que não pensei
quando o tempo acabou
e as brasas se apagaram
no galope desta paixão



tulica

São Paulo, 12 de abril de 2016
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sexta-feira, 1 de abril de 2016

pra onde












meu nome é rio
é vento vendaval
vou não sei onde
estive ali parado
fui o que não é
agora lhe quero



tuluca

São Paulo 26 de março de 2016
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[ Neste tempo de não sei, onde incríveis caminhos se afiguram, estou buscando outras primaveras. Enquanto não chego lá, fiço esta postagem pra atender uma leitora.]
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Carlão



Carlão (Luiz Carlos Raso), quanta aventura e coisas de meninos fizemos juntos, tanto tempo...  Seu fusca verde, as risadas que riamos de coisa nenhuma, muita memória e tanta saudade que você vai deixar aqui.
Boa viagem.
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