domingo, 31 de julho de 2016

sentimento virado












o dia que você deu seu corpo
era apenas uma velha imagem
um passo maior que o sexo
um eco seco da nova manhã
com céus virados a se agitar
Iansã rompendo os espaços
neste róseo da imaginação
tempestade molhando o ar
vendaval, sentimento virado
Oya de meus dias luzidios
como será se não me iludir?





tuluca

São Paulo, 30 de julho de 2016
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[recado obscuro]
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sábado, 30 de julho de 2016

caneta cansada












hoje a caneta já está cansada
tanto papel que não se preenche
e estas coisas coçando em mim
palavras secretas querendo nascer
meu corpo se movendo ritmado
buscando espaço no contraditório
entendendo o concreto da ilusão
presentes nestas sumidas linhas
que buscam espaço na amplidão





tuluca

São Paulo, 30 de julho de 2016
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segunda-feira, 25 de julho de 2016

espanto












entre o espanto e a loucura
retiro da vida os sentimentos
entre um e outro me esqueço
horrorizado com os desatinos

entre o espanto e a ternura
suspiro pela vida aliviado
entre um e outro me quedo
olhando crianças à brincar

entre o espanto e o trabalho
passa a vida e mais um dia
entre um e outro me anulo
esperando uma vida depois




tuluca

São Paulo, 25 de julho de 2016
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sexta-feira, 15 de julho de 2016

palavras inatas












estava aqui nesta prisão
desfeito em nada querer
procurando pelas paredes
um olhar que fosse amigo
uma palavra que fosse sim
quando os olhos fecharam
e todas as palavras ditas
retornaram pra garganta
inatas, despidas de desejo
nessa loucura autofágica
descobri a porta em mim
fui-me pra distante do eu
mergulhando na amplidão




tuluca

São Paulo, 10- de julho de 2016
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quarta-feira, 6 de julho de 2016

você não veio












quando você não veio senti ciúme
deixei seu café esfriando na xícara
dei muitas voltas em mim mesmo
depois parti o bolo, servi no prato
disso não sei o que ficou, ou ficará




tuluca

São Paulo, 5 de julho de 2016
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terça-feira, 5 de julho de 2016

cajuína












sabor do que ainda seremos
num janeiro ardendo ao sol
a caminhar na areia branca
e os frutos a pender do céu

seu suor mais um passo
assim aprendendo a ser
e o que é distante se turva
pra além do horizonte azul




tuluca

São Paulo, 3 de julho de 2016
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