sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Querido Sérgio












Todos morrem em agosto, assim é com os Paiva Azevedo, só que às vezes o tempo se esquece das datas e faz as coisas antes da hora. Aliás o tempo é muito atrapalhado e impermanente, implacável sempre, sempre...
O Sérgio gostava de mim, um tanto muito grande e eu dele. Pensar nele agora faz doer a garganta.
Ele pintava quadradinhos pra pensar, calma e continuamente colorindo o sem cor. De muitas sabedorias, apreciou o viver como poucos. Disse-me coisas lindas, porque pensava lindamente. Um formidável humano.
Agora tudo está desfeito e os pensamentos dele vagam pelo imponderável. Alguns desses pensamentos moram em mim, até onde eu puder leva-los.
Como dói.
Pra você Sérgio que gostava do que eu escrevia:




Irmão



pensar, caminhar, apenas ser
tanta vida que a vida guarda
e nossa esfera azul iluminada
a girar, girar com tanta água
você e eu, só pensamentos
à se desfazer na imensidão
sem mais nenhuma hipótese
Sérgio, este é o final, o vazio



tuluca

São Paulo, 2 de novembro de 2016
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2 comentários:

Paz Marta disse...

As pessoas que passam de forma indelével em nossas vidas vão acrescentando pedaços na gente.
E quando se vão levam um pedaço do coração.

Elpidio disse...

Assim é Buterfly, dói muito.