sábado, 27 de agosto de 2016

visão












estive olhando o que não estava à vista
depois de algum tempo pude enxergar
não era um, eram muitos excertos ali
ainda indefinidos mas aparentes na luz
como fosse o eu das muitas maravilhas
um jeito alucinado de parecer ausente
sem palavras e liberto no que pensava
o tempo deformado se alongava além
mudando toda a descrição do mundo
adiante do que é sabido e imaginado
algo de sonho com alguém que será



tuluca

São Paulo, 27 de agosto de 2016
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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

viver sem tempo
















o tempo é bobo de dar dó
segue sempre como criança
perseguindo coisa nenhuma
e não há modo de distraí-lo
persegue o nada, não para
com ele nunca estou liberto
é preciso morrer pro tempo
para ser mais este dia azul




tuluca

São Paulo, 24 de agosto de 2016
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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Carta do futuro desamor












Amada

Você me perguntou como seria amanhã.
Bem, amanhã será um novo dia em que o sol nascerá brilhante e ardente, depois d’uma noite que poderá ser da nossa escuridão. Sempre há dias e noites em todos... mas não se entristeça com o amanhã.

Se um dia você for embora não pense em mim
Que eu não te quero meu
Eu te quero seu

(Meu Menino - Milton Nascimento)


E é assim em mim pra você, não te quero minha, nem sinto que a possuo, você é de você mesma e assim brilhante. Vá quando seu coração pedir, você não me magoará partindo. Sei dos seus caminhos, eles são muito mais velozes que os meus, sei de suas buscas e necessidades de existir. Saiba que você sempre existirá em mim com sua beleza do novo, de dia claro. Vá sem se despedir e eu nem saberei que você partiu, quando eu descobrir sua ausência você já será outra. Só queria que você soubesse que caminhos se juntam e depois se separam, tão simplesmente como nuvens que passam pelo céu azul. Só não esqueça que eu te quis bem e tanto que em mim o amor não anoitece.

sempre seu
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tuluca

São Paulo 21 de agosto de 2016
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domingo, 7 de agosto de 2016

melosidades
















era assim que a vida seguia
só melosidades a sujar papel
muito desengano desbotado
e este fascínio pelo encanto
amarrou as dores ancestrais
num canto qualquer da casa
entornou a realidade no ralo
pintou o céu de outros azuis
e perdeu-se noutras estrelas




tuluca

São Paulo, 5 de agosto de 2016
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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

flutuando no azul












flutuando na noite de extremo azul
seu corpo preenchia espaços, voava
disperso pelos finos grãos da garoa
onde tudo era vago e o tempo finito
a cidade vaporizou seu corpo macio
você se foi, desapareceu na multidão
escorregando nas escadas do metro




tuluca

São Paulo, 3 de agosto de 2016
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