
Vem dum espaço distante e hoje só existe onde vou lembrando.
Era um sol ainda quente já despencando pra trás do morro. Os cheiros todos juntos: de bosta de vaca e cavalo, fogão de lenha, flor de café e mato pisado preenchiam minhas narinas, e eu nem bem os percebia. Veio a luz elétrica e os rádios encheram aquela tarde de sons, que se uniram aos animais e o marulhoso corguinho. Não ouvi aquelas músicas, mas fiquei com os sons, os cheiros e as imagens dessa perene tarde, a correr pelo pasto, subindo em árvore, sentado no moirão da porteira, brincando nos bambuais. Foram tantas dessas tardes tão iguais, do mesmo céu muito azul e ruídos de roça, que hoje ela é uma tarde só nos meus nove anos.
tuluca
São Paulo, 21 de julho de 2010
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